top of page

Programa de Oncobiologia lamenta a perda do seu Diretor Científico e relembra sua biografia

Atualizado: 13 de dez. de 2022



Na véspera da UFRJ completar 100 anos, a ciência brasileira se despediu de uma mente preciosa para a bioquímica médica. Cientista exemplar, Franklin David Rumjanek (1945-2020) era Diretor Científico do Programa de Oncobiologia e coordenador de um dos seus grupos de pesquisa. Professor Titular Emérito do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ, o seu trabalho envolvia tanto a pesquisa em câncer e evolução humana, quanto a divulgação científica.


Com sua sabedoria, humor peculiar e ideias geniais, era inspiração para inúmeros cientistas e divulgadores de Ciência. Sempre disponível, perseverante e com ideias claras e nobres, deixa sua marca e seu legado entre todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo. E também uma contribuição inestimável para o IBqM, UFRJ e toda a ciência brasileira.


Sua experiência acadêmica se concentrava na área de Bioquímica, Biologia Molecular e Genética Humana (estudos populacionais de polimorfismos). Os projetos principais do seu grupo de pesquisa envolvia pesquisa sobre a reprogramação metabólica que ocorre quando as células se transformam em tumorais e tumorais metastáticas.


Paixão pela Origem da Vida e a Divulgação Científica


Autor de livros como “DNA: Identidade e paternidade” (1997), “Introdução à Biologia Molecular” (2001) e “Pequeno Manual dos Bons Costumes em Laboratório” (2017), era o título “AB INITIO: Origem da vida e evolução” que Franklin dava destaque em seu currículo lattes. Fascinado pelo estudo da evolução, gostava de ministrar palestras sobre as teorias, mitos e hipóteses relacionadas à origem da vida.


Editor científico do Instituto Ciência Hoje, entre 2003 e os tempos atuais, publicou mais de 150 artigos de divulgação cientifica. Em 2012, estrelou o “CHats de Ciência”, uma série produzida para o canal do Youtube da “Ciência Hoje”, em que especialistas gravavam filmes curtos de divulgação sobre grandes temas da Ciência. No episódio em que Franklin Rumjanek foi protagonista, o professor falou sobre a possibilidade de herança de comportamento nos seres humanos e a dificuldade de se distinguir traços genéticos de influências culturais.


Criativo, o bioquímico adorava ser Consultor Científico de novos produtos do Núcleo de Divulgação Científica do Programa de Oncobiologia. Grande parceiro da equipe de jornalistas e divulgadores de Ciência que já integraram o Programa, o professor Franklin topou até virar personagem dos desafios digitais do Acubens, museu virtual de Câncer. A consultoria científica para a produção do video de animação “Relatos de um Sedentário” foi uma das suas últimas, dentre as inúmeras contribuições em parceria com o Núcleo.


O desafio de criar uma graduação voltada à formação de pesquisadores


Dotado de espírito empreendedor, o Prof. Franklin Rumjanek teve papel de destaque na criação do curso “Formação de Pesquisadores” (hoje, graduação em Biomedicina na UFRJ). A iniciativa surgiu a partir da constatação de que o número de cientistas brasileiros ainda era muito baixo, em comparação com o dos países desenvolvidos. E também da percepção de que o estudante que queria fazer pesquisa na área biomédica era obrigado a cursar outra faculdade e, só mais tarde,“adaptar-se” à pesquisa.


Apaixonado por ciência desde a sua juventude, prestou vestibular para Ciências Biológicas - Modalidade Médica, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Graduou-se na segunda turma do curso, em 1969. Mas a especialização na área de pesquisa só aconteceu na pós-graduação, cursada no exterior. Na Dinamarca, fez estágio de pesquisa na Universidade de Copenhagen (1972) e, na Inglaterra, obteve o PhD em Química Biológica pelo University College London (1975). Diferentemente do que ocorreu com ele, agora o pesquisador de Biomedicina já se especializa na área de pesquisa durante a graduação.


Exímio cientista, em 1974, recebeu a Ramsay Memorial Medal, da Universidade de Londres. Após a conclusão do seu PhD, continuou na Grã-Bretanha para realizar o seu pós-doutorado no National Institute for Medical Research, Mill Hill (1976-1983). Em seu retorno ao Brasil, Franklin tornou-se professor titular do departamento Bioquímica e Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). No departamento do ICB, participou ativamente do remodelamento do curso de pós-graduação em Bioquímica-Imunologia.


Mais de 3 décadas dedicado ao ensino, pesquisa e extensão na UFRJ


Em 1987, transferiu-se para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde além do ensino e pesquisa, passou a atuar também na administração universitária. De 1990 a 1994, foi vice-diretor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB). Após uma breve passagem pelo Estados Unidos, para cursar pós-doutorado na Universidade de Harvard (1994), assumiu como coordenador do curso de Biomedicina, ficando no cargo por 4 anos. De 1997 a 1999 foi chefe do Departamento de Bioquímica. O seu nome ficou marcado na história do Instituto de Bioquímica Médica (IBqM-UFRJ) como o seu primeiro Diretor (2004-2006).


Com olhar para as redes de pesquisa extra-muros da UFRJ, coordenou o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia sobre Câncer (INCT-Câncer) e o projeto Capes CofeCub, no que dizia respeito ao convênio com a Universidade Bordeaux Segalen, na França (2014-2017). E recentemente foi agraciado com bolsa de estágio sênior (Dezembro 2018-Maio 2019) para trabalhar no Institute of Genetics and Molecular Medicine, localizado naUniversidade de Edimburgo, na Escócia.


Reunindo excepcional competência na área de Bioquímica, Biologia Molecular e Genética Humana e consciente que, no Brasil, aproximadamente 25% das crianças desconhecem seus pais biológicos, em 1994, o Prof. Franklin foi o criador do Laboratório Sonda. À época, foi uma das primeiras unidades de teste de paternidade por tipagem de DNA. Voltado à extensão com a sociedade, o laboratório já realizou milhares de testes, isoladamente e em parceria com o convênio que mantém com o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.


Por toda sua dedicação ao ensino, pesquisa e extensão, no dia 05 de outubro de 2016, o Franklin Rumjanek tomou posse como Titular Emérito do IBqM-UFRJ.

Vítima de câncer, Franklin David Rumjanek despediu-se de nós na noite do dia 06 de setembro de 2020. Deixa a esposa, Helen, e dois filhos, o primeiro deles fruto do casamento com a pesquisadora Vívian Rumjanek, idealizadora do Programa de Oncobiologia. Nossos sentimentos à família e a todos os amigos. Compartilharemos a saudade: Franklin estará sempre em presente em nossos corações.




Por Lúcia Beatriz Torres com informações: UFRJ, IBqM-UFRJ, ICB-UFMG, Ciência hoje, Faperj, Fundação do Câncer, Programa de Oncobiologia e Oieduca.


Esse texto foi livremente inspirado em mensagens enviadas ao Programa de Oncobiologia e em declarações publicadas em redes sociais. Agradeço a Robson Monteiro, Vivian Rumjanek Lima, Debora Foguel,, Lina Zingali, André Gomes, Denise Lames, Jean Christophe Houzel, Élida Rabelo, Stevens Rehen, Claudia Juberg, entre outros pesquisadores e amigos que aqui não foram citados, pelas belas palavras em ocasião do falecimento do Prof. Franklin Rumjanek. Qualquer semelhança com frases e expressões anteriormente citadas, não deve ser vista como mera coincidência…

Comments


bottom of page